sábado, 31 de janeiro de 2009

PRONUNCIAMENTO SANDRA CAVALCANTI/SENADOR CAMATA (Final)

O SR. GERSON CAMATA (PMDB - ES. Para uma comunicação inadiável. Semrevisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, antes deentrar no objetivo da minha fala, queria solidarizar-me, primeiro, com oSenador Alvaro Dias, depois com o Prefeito de Vitória, João Carlos Coser,do PT, excelente Prefeito, que luta pelo metrô de Vitória, coitado! Vemaqui, conversa com o Presidente, com a Ministra Dilma, vai à Comissão deOrçamentos e não consegue. Se ele fosse Prefeito de Santiago do Chile, játeria pego uns 500 milhões do BNDES, para fazer o metrô de Santiago doChile. E, com o nosso querido colega Geraldo Mesquita, que, dia e noite,vejo aqui brigando pelas emendas, para os Prefeitos do Acre. E não liberam.Um milhão e pouco, dois milhões, mas quatro bilhões para os prefeitos deAngola, Moçambique, República Dominicana. nãofaltamSr. Presidente, no sábado, peguei o jornal O Globo - às vezes lemos umanotícia e não acreditamos naquilo que estamos lendo -: li uma vez, duas,tomei um cafezinho, bebi um copo d'água, li de novo, para ver se aquiloeraverdade, e era. Hoje li de novo.O Ministério da Saúde editou uma cartilha, e não acredito que aquilo foipago com dinheiro público. Estou falando aqui, porque estou requerendo aoMinistério exemplares da cartilha e ao Tribunal de Contas se é lícito usardinheiro do contribuinte, para fazer uma cartilha como essa.A cartilha é dirigida aos viciados em craque, cocaína e êxtase. Mas, emlugar de dizer que aquilo faz mal, para não se usar, não, estimula, porqueo título já é assim: "O álcool e outras drogas não afetam seusdireitos".Quer dizer, o álcool e outras drogas... tudo igual, tudo igual. E aí diz oseguinte a cartilha: Maconha. Se você é usuário de maconha, é bom andar comum vidrinho de colírio, porque ela costuma deixar o olho meio vermelho;para tirar o bafo, beba bastante água ou, senão, uma vodca. É! A Cartilha do Ministério da Saúde! Mas tem mais: se você é usuário decocaína, não use nota de dinheiro para cheirar cocaína, use um canudinho,que é mais higiênico, desses que têm nos bares. E não manipule a cocaínacom a sua mão, que pode estar com algum micróbio, com alguma bactéria.É, o Ministério da Saúde! Não diz, em nenhum momento: não use cocaína,elafaz mal, ela vicia. A cocaína financia os crimes, financia as armas quematam os inocentes nos morros do Rio, de Vitória, do Brasil, de PortoAlegre! Em nenhum momento, ela diz isso.Mas, aí há o crack: ah! se você é usuário do crack, você tem de bebermuitaágua após consumir o crack, bastante água mesmo, e também se alimentar bemantes e depois do crack. Ensina como se faz.E depois tem o êxtase: beber bastante bebida isotônica se você vai consumirêxtase; antes e depois.Disseram lá no Ministério que isso é a maneira de evitar um dano maior. Amaneira de evitar um dano maior é combater o traficante, colocar otraficante na cadeia, prender a cocaína que roda, tomar as armas dostraficantes, colocar na cadeia esse monte de gente que está destruindo ajuventude brasileira. Essa é a maneira.Agora, fazer uma Cartilha ensinando como se usa! O Ministério da Saúde! Eunão acredito!Quero que o Tribunal de Contas informe se é lícito usar dinheiro docontribuinte, dinheiro público, sagrado, para ensinar as pessoas a usaremcocaína, crack, êxtase, essas coisas que estão acabando com o Brasil.Erramos aqui quando consideramos que o viciado não pode ser preso, porqueestá carregando para o consumo próprio. Mas é o viciado que financia asarmas, financia os crimes, financia as mortes. Tanto que está tramitando um projeto de lei, de minha autoria, na Comissãode Constituição, Justiça e Cidadania, no sentido de que sempre que umdrogado matar alguém ou roubar alguém, quem vendeu a cocaína, se forlocalizado, também vai para a cadeia junto com ele. Porque se, por exemplo,eu entrego uma arma para alguém assassinar uma pessoa e eu sou co-autor, seeu vendo a droga para alguém matar outro eu sou co-autor também. Então temque prender o traficante, toda hora, todo momento, e persegui-lo.Pelo Regimento eu não posso, mas eu gostaria de ouvi-lo.O Sr. Geraldo Mesquita Júnior (PMDB - AC) - Só para contribuir com o seupronunciamento, Senador Gerson. Eu admitiria uma cartilha dessa se elafosse dirigida a toda a população brasileira, orientando-a a perceber ossintomas daqueles que usam entorpecentes, para identificar e levá-lo aalgum local onde ele possa ser tratado etc. Mas o senhor leu três vezes enão acreditou. Eu teria lido vinte vezes e continuaria não acreditandonessa cartilha.O SR. GERSON CAMATA (PMDB - ES) - Pois é, eu tive que ler de novo, hojecedo, e agora estou pedindo para mandar uns exemplares aqui para o Senadoe, junto, vou entrar com um requerimento. Quero que haja uma análise porparte do Tribunal de Contas se é lícito, com dinheiro público, publicar-seuma cartilha dessa, ensinando as pessoas a consumirem drogas pesadas. E opior, dando a entender que não é problema, não; pode consumir, desde quevocê beba bastante isotônico; pode encher a cara de maconha, desde que vocêponha colírio no olho; pode chupar cocaína à vontade, desde que não usenota de dinheiro para isso, tem que ser canudinho. Eu não estou entendendomais as coisas que estão acontecendo. Perdoem-nos, mas o Tribunal de Contasvai ter que explicar ao povo brasileiro se isso é lícito, se isso écorreto, se isso é direito, se isso é moral, o que é isso.Muito obrigado.(transcrição completa do original)

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