segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

A CENSURA AO GOOGLE.

China censura Google até em discussão no Fórum Econômico:
Vice-premiê se recusa a discutir contencioso entre país e empresa em sua participação em encontro .Era para ser uma sessão informativa informal em que o vice-premiê chinês, Li Keqiang, satisfaria a curiosidade de dois dos conselhos criados pelo Fórum Econômico Mundial, o de "business" e o de mídia. Mas antes de abrir a sessão para as perguntas dos presentes, o mediador, David Schlesinger, editor-chefe da agência Thomson Reuters, foi avisando: "O ministro não está preparando para responder a perguntas sobre o assunto Google". Trata-se da ameaça da empresa de sair da China, depois de um ataque de piratas cibernéticos, supostamente de inspiração governamental, que resultou em roubo de sua propriedade intelectual. Foi a causa de uma reação irada da secretária de Estado americana, Hillary Clinton, e uma resposta igualmente irada dos chineses. Impor, até em Davos, a censura sobre Google mostra claramente que a China não está disposta, em nenhum auditório, a dar explicações sobre as políticas que adota. Já a falta de reação do público ao veto mostra, também claramente, que os homens de negócio, a principal presença em Davos, não têm a mais leve intenção de desafiar os chineses. Ao contrário: ficou evidente, numa segunda sessão, à tarde, que não há a menor intenção de dizer à China o que fazer, nesse assunto como em outro contencioso com os EUA, que é a política cambial, que favorece exportações e causa um desequilíbrio na economia global. O presidente Barack Obama tem insistido em que é preciso corrigir o desequilíbrio, mas, ontem, seu subsecretário de Estado para Economia, Energia e Agricultura, Robert Hormats, preferiu contemporizar: "Não adianta fazer sermões para os chineses. Não adianta dizer que uma economia que depende de vender mais e mais para os consumidores americanos não é sustentável". A tese de Hormats é a de que os chineses farão a mudança no "modelo orientado para a exportação" não porque os outros dizem mas porque se trata de uma "realidade fundamental". Que sermões não funcionam, ficou claro não apenas pelo episódio Google, mas também pela frase de Cheng Siwei, presidente do Fórum de Finança Internacional da China: "Podemos coordenar posições com outros países, mas manteremos nossos princípios". Ou pela cândida admissão de Yan Xuetong, diretor do Instituto de Estudos Internacionais da Universidade Tsinghua, de que a China faz, sim, mudanças em suas políticas desde que "sejam favoráveis a ela". As sessões de ontem do Fórum de Davos sobre a China serviram também para demonstrar que cresce o convencimento de que se está formando um G2, exatamente entre China e EUA, para lidar com assuntos internacionais. "É a única relação bilateral que tem impacto no mundo", diz Xuetong, pelo lado chinês.
Pelo norte-americano, ecoa Hormats: "Trabalhando juntos, podemos lidar com quase todos os assuntos mundiais". Já o vice-premiê Keqiang prefere uma estudada modéstia, ao ser lembrado que a China já passou a Alemanha como maior exportador mundial e está para superar o Japão e se tornar a segunda economia do planeta. Rebate Keqiang: "Em termos de renda per capita, há cem países que superam a China". (
Folha/Clovis Rossi)//.

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